quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Childhood


“Só não sinto falta daquilo que ainda não tive tempo de me lembrar…”

Há dias assim, em que só vêm á cabeça, olhando aos cantos da casa, as imagens da doce inocência.

Num sítio especifico do meu quarto, eu aninhava-me, ficando ainda mais pequena do que era, e tinha as minhas bonecas, as Barbies, de cada vez que pegava nelas fazia-as viver uma historia diferente, cada uma com o seu nome, e mudando consecutivamente de roupa, lá criava um episódio das suas vidas. Dariam péssimas novelas, devo dizer.

Lembro-me da pressa intolerável que me preenchia nos últimos minutos de escola, para chegar a casa e fazer os trabalhos, sempre presentes, e ver o "Batatoon", na altura o meu programa preferido, em que sempre que o Batatinha ia dar um presente, eu esperava que ele sai-se do leitor de cassetes (nunca saiu, por incrivel que pareça), ficava ligeiramente desiludida.

Lembro-me das mil e uma historias que me passavam pela cabeça, e que eu arranjava forma de representar.

Lembro-me que adorava ver os reclames dos brinquedos na altura do natal, fascinavam-me.

Sei que gostava de ver a cassete da "Mullan" e comer chocolate branco ao mesmo tempo (parece que sinto o sabor..). Aliás, consigo associar sempre qualquer coisa a cada cassete que via, e não eram poucas, mas via incansavelmente e repetidamente cada uma. Como a do "Papuça e Dentuça" que sempre me fez chorar, ou o "Patinho Feio" que me dava alguma revolta pelo pobre pato.Mas a que sempre gostei mais foram os "101 Dálmatas", via vezes sem conta, e gostava tanto que cheguei mesmo a ter um dálmata, depois morreu, nao me lembro muito dele.

Lembro-me que a altura do Natal era mágica, apesar de nunca ter levado muito a sério a coisa do "Pai Natal", punha-me a pensar que era impossível o homem ir a todas as casas numa noite. Mas o Natal era a melhor parte do ano, o cheirinho da comida e dos docinhos da maãe, da avó e da tia, as roupinhas quentinhas e a lareira acesa, com o som do fogo a palpitar, e a ansiada hora dos presentes, (lembro-me de ter orgulho por ficar até á meia-noite acordada) o brilho nos nossos olhos ao ver os presentes todos, e a adrenalina de rasgar o papel todo...

Também me lembro do medo da trovoada, e de saber que podia correr para a cama dos pais e dormir quentinha na cama deles, sem que nenhum relampago de medo me atravessasse. Lembro-me de ficar cheia de pena do pai quando o acordava a meio da noite se alguma coisa me incomodasse, e quando ele não estava, eu voltava a sentir medo.

Lmebro-me das férias, da correria que todos faziam para atender aos pedidos das crianças, e da maneira como isso fazia crescer em mim uma felicidade indestrutivel. Eu nunca gostei de crescer... e se calhar, agora que cresci, gostava de ser pequenina outra vez.

Gostava de poder correr para a cama dos pais á noite, ou de comer chocolate e ver a Mullan, ou mesmo de pegar numa barbie e brincar, porque podia brincar á vontade.

Sempre gostei de ver a mãe cozinhar, achava interessante que á medida que punha coisas no tacho, cheirava cada vez melhor.

E sempre gostei de ficar doente também - ahhh ficar doente... - ficar na caminha o dia todo e ter tudo feito, o xarope á hora certa, o beijinho para ficar boa, e a sopinha que ajudava. Só nao gostava da noite, quando tinha de dormir e nao conseguia.

Gostava de decorar todos os reclames e depois diz-los, achava piada...

E agora ? Onde foi isso tudo?

Agora acabou. Agora sou "grande" e já não faço nada disso. Agora chegou a altura de crescer...


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Acho o texto extremamente desorganizado.


2 comentários:

  1. Acho que, por mais idiota que te possa parecer, podes continuar a fazer essas coisas : )
    Amo-te!

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  2. o texto não está nada desorganizado :o
    acho que poucos de nós gostam de crescer, ou se gostam, não o fazem nunca sem uma pontada de saudade.
    adorei a tua atenção aos detalhes e a sinceridade :')
    p.s.- eu lembro-me de ver muitas vezes o papuça e dentuça!

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